TDAH/DDA são também conhecido como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
Respeitando a nomenclatura brasileira, que prefere utilizar o termo transtorno em vez de distúrbio, será utilizado neste livro a nomenclatura “Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperactividade” para “Distúrbio com Deficit de Atenção e Hiperactividade” segundo a conceitualização estabelecida pelo DSM-IV (APA, 1994). Esse transtorno descreve as crianças e os adultos que são incapazes de modularem a atenção, controlar a impulsividade e ausência de uma actividade motora apropriada. A formalização actual do “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – Fourth Edition” (DSM-IV, 1994), propõe a caracterização da sintomatologia em três subtipos específicos: subtipo predominantemente desatento, subtipo hiperactivo ou impulsivo e subtipo combinado. Além desta proposta, o DSM-IV inclui uma classificação não específica aos distúrbios que não satisfazem os critérios para a tríade do TDAH. Para auxílio no diagnóstico, o DSM-IV lista 18 sintomas que definem as duas principais sintomatologias do TDAH: predominantemente desatento (nove sintomas) ou hiperativo-impulsivo (com seis sintomas de hiperactividade e três sintomas relacionados à impulsividade).
A criança ou adolescente com TDAH não é um diagnóstico fácil de ser dado, a uma grande dificuldade em diagnosticar esses indivíduos no meio clínico. Além da dificuldade de classificação e critério de diagnóstico, existe uma outra que também é fundamental para a avaliação da criança com TDAH, é a inexistência de padrões ou normas que estabeleçam a variação do nível da actividade motora e nível de atenção/concentração que pode ser considerado para o diagnóstico da hiperactividade ou de um deficit de atenção.
Frequentemente, as categorias comportamentais são apresentadas sob termos clínicos, aumentando o potencial para uma interpretação subjectiva do comportamento da criança (Barkley, 2000).
Quase sempre o diagnóstico do TDAH é diferencial e pode seguir o procedimento do algoritmo abaixo, estes procedimentos são mais eficaz e por sua vez mais fidedigno.
Queixas: ocorrerá quase sempre quando o professor ou alguém do núcleo familiar da criança notar que aquele comportamento não esta “normal”.
1. Dificuldade de aprendizagem: pode vir junto com a inquietude ou a desatenção da criança em sala de aula. A impulsividade será um comportamento mais bem documentado pelos amigos e pais; “atirou alguma coisa em um coleguinha ou irmãos”.
2. Anamnese; é um procedimento clínico, onde se colhe informações e dados desde a gestação até atingir o comportamento actual da criança.
3. Exame neurológico: busca descartar qualquer outro sintoma orgânico ou problemas fisiológicos que possam estar relacionado aos comportamentos de hiperactividade e desatenção.
4. Os critérios do DSM-IV: os comportamentos disruptivos da queixa e anamnese se enquadram nos critérios de classificação para o transtorno.
5. Diagnóstico diferencial: varredura de outros sintomas comorbidos em ocorrência com o transtorno diagnosticado.
6. Avaliação neuropsicológica: aplicação de testes psicométricos e neuropsicológicos das funções cognitivas.
7. Classificação do TDA/H: quais dos três subtipos de transtorno a criança encaixa.
8. Tratamento: Psicoterapia e tratamento psicofarmácologico.
O TDAH em sua etiologia pode ocorrer como resultado de bases multifatoriais, nos factores genéticos, biológicos e neuropsicológicos. Na genética a predisposição é acima de 50% no TDAH (Barbosa, Gouveia, Barbosa, 2000). A exposição de uma variedade de substâncias químicas durante a gravidez e complicações na duração prolongada do parto poderá estar relacionada ao TDAH. A deficiência biológica recebe suporte dos estudos com imagens cerebrais que o TDAH é basicamente uma disfunção geneticamente herdada do córtex pré-frontal, devido, em parte, a uma deficiência do neurotransmissor dopamina. Através dos estudos neuropsicológicos, também sugerem que o TDHA está associado a alterações do córtex pré-frontal e de suas projecções a estruturas subcorticais, o que caracteriza esse transtorno pôr frequentes níveis de desatenção, impulsividade, hiperactividade, desorganização e inabilidade social, envolvendo um deficit do sistema inibitório ou as funções executivas da memória de trabalho do TDAH (Baddeley, Bressi, Della Salla e Spinnler, 1986 apud Gathercole e Baddeley 1993; Baddeley, 1996ab). Vários pesquisadores têm mostrado que as características principais do Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperactividade (TDAH) estão associadas a uma dificuldade para inibir ou frear impulsos. Partindo destes achados, Dr. Barkley (1998) afirmou que esta dificuldade na inibição dos impulsos não permite que alguns dos processos psicológicos, como as funções executivas, possam operar eficientemente.
As funções executivas são actividades mentais complexas necessárias para planificar, organizar, guiar, revisar e monitorar o comportamento necessário para alcançar metas. Estas funções começam a se desenvolver a partir do primeiro ano de vida e continuam desenvolvendo-se até a adolescência. Através delas, pôr exemplo, podemos focalizar a atenção em uma actividade sem a interferência dos estímulos distratores. As funções executivas permitem guiar nossas acções mais pelas instruções que damos a nós mesmos, do que pôr influências externas. Ou seja, permitem a auto-regulação do comportamento ou a inibição dos impulsos para podermos executar aquilo que nos propomos a fazer (Barkley, 1998).
Essas disfunções comportamentais e cognitivas no TDAH podem interferir directamente na vida académica dessas crianças, com consequências drásticas ao desenvolvimento global (Pennington e Ozonoff, 1996; Swanson & Posner, 1991; Posner & Cohen, 1984; Meili, 1985, Watson, Rameyl, 1978). Em muitos casos, a etiologia do TDAH permanece obscura, e há uma emergência na necessidade de mais pesquisas para auxiliar na prevenção e cura do transtorno.
Acreditamos que as expressões encontradas neste transtorno estão estreitamente relacionadas a factores multifatoriais. A natureza dos sintomas encontradas nesse transtorno nos leva a uma variedade de facetas durante o desenvolvimento infantil. A decisão para o diagnóstico não é fácil, no entanto, acreditamos que a soberania clínica prevalece. É preciso olhar com cuidado para a história individual da criança, é principalmente nessa história individual que se baseia o diagnóstico. Não existe um teste para o diagnóstico desse transtorno, não há uma linha clara de demarcação entre o TDAH e o comportamento normal; é preferível fazer um julgamento com base numa comparação entre a criança como indivíduo e seu grupo de semelhantes. Se uma criança é significativamente mais distraída, impulsiva e hiperactiva, sem que haja qualquer causa aparente para tal comportamento como dissolução familiar, uso de substâncias, depressão ou outra condição psicológica/neurológica, o diagnóstico de TDAH pode se levado em consideração. Entretanto, somente um profissional com experiência em TDAH deve fazer esse diagnóstico.
Bases Neurobiologicas do TDAH
Foi feito uma revisão na literatura entre 2002 a 2004 e foram encontrados 1.774 artigos de TDAH (fontes: Medline e PsycoInfo). Verificou-se que as pesquisas com TDAH estão assumindo grandes proporções no território brasileiro, é curioso como os factores emocionais que são de grande importância na determinação e continuidade dos quadros de TDAH, ganham poucas linhas na literatura em geral, procurando atribuir todo o quadro ao difícil do córtex pré frontal (inibitório/falta de freios) e a disfunção dos neurotransmissores (baixa/subutilização dessas substâncias).
Entretanto, como em todas as actividades funcionais do cérebro (encéfalo), também durante as manifestações emocionais e do comportamento do indivíduo, a transmissão do estímulo nervoso de um neurónio para outro é realizada com a participação de substâncias neurotransmissoras. Poder-se-ia cogitar que nos casos de TDAH o equilíbrio entre neurotransmissores inibidores e excitadores estaria modificado.
Ainda podemos cogitar que existe uma diferença entre esse equilíbrio estar ocorrendo por uma alteração primária nas concentrações das catecolaminas, ou ser uma consequência do somatório das vivências emocionais que deixa um aprendizado que corresponde ao objecto de experiência e a um tipo particular de actividade neural do cérebro da criança vinculado a essa vivência.
Isto é, no primeiro caso estaria ocorrendo uma redução na concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica, devido a algum defeito no sistema nervoso (malformação, lesão). Já na Segunda eventualidade, as alterações na concentração dos neurotransmissores seriam decorrentes das modificações neuroquímicas consequentes a dinâmica emocional de cada criança.
A atenção é um complexo domínio neuro-comportamental que se constitui como base fundamental de todas as funções cognitivas superiores.
Manifestação da Atenção no TDAH
Sabemos que a atenção possui características evolutivas sendo diferentes nas várias etapas do desenvolvimento infantil. No entanto, esta capacidade cognitiva a “atenção”, possui uma característica sinalizadora que nos alerta para várias patologias tanto no mundo infantil quanto no mundo adulto. O tempo razoável de atenção não tem medidas ou pontuação padronizadas, sendo caracterizado de forma objectiva por quem avalia a criança e, também, subjectiva por meio e aferição bastante profissional, exigindo que esse tipo de opinião seja emitido por quem realmente tem experiência em comportamento infantil, tanto normal como alterado, em suas várias faixas etárias, para que seja o mais fidedigno possível. Observamos, também, que a criança nas faixas de 1 a 2 anos tem uma fixação de atenção menor, normal, e que, aos poucos, vão adquirindo uma concentração maior nas actividades. O que deverá servir de alerta será quando esse tempo de concentração for muito curto, mesmo naquelas bem novas, não permitindo que demonstrem interesse e envolvimento com uma brincadeira ou tarefa, fazendo com que mudem de actividade a todo o momento. Associam-se a essa fragmentação da atenção uma curiosidade rápida e fugaz por outras situações ou objectos, com trocas sucessivas de interesses, fazendo com que a criança se mobilize para chegar até elas, expressando-se essa movimentação por um comportamento hiperactivo (Smith, & Jonides, 1998).
A Manifestação da Hiperactividade e Impulsividade no TDAH
A hiperactividade corresponde ao exagero ou excesso de actividade motora na criança. Já a impulsividade expressa-se por reacções bruscas e emotivas da criança, reflectindo uma reacção impensada e repentina.
A hiperactividade é reconhecida pela observação do comportamento da criança. É possível traçar nesses casos uma linha do tempo, podendo já ser identificada precocemente em bebés que se mostram bastante inquietos, choram muito e só se aquietam no colo, mas não por muito tempo. Desde logo, pode observa-se dificuldade no sono, pois acorda com frequência. Depois, acalma-se se colocado no colo; adormece e, ao ser colocado no berço, curiosamente e de imediato recomeça a chorar. O trabalho e os cuidados com essas crianças são permanentes, exaustivos, dia e noite.
As mães relatam também que há uma grande voracidade quando são levadas ao peito para a mamar. Atacam o seio com muita gana; depois querem permanecer por longo tempo na mamada, mesmo já satisfeitos.
Como consequência dessa dinâmica, é comum perceber os pais que se mostram extenuados, desorientados, sofridos e infelizes com tamanha confusão.
A história prossegue à medida que essas crianças vão se desenvolvendo e passam a movimentar-se no berço, engatinhar e depois andar, embora algumas mães comentam que muitas dessas crianças pulam um determinada fase ou outra. É tamanha a inquietude que se criam facilmente momentos de risco, pondo-se em perigo constante. Possuem extrema agilidade e em uma fracção de segundo são capazes de passar da intenção a acção, sem pensar, como subir em móvel do qual podem ocorrer quedas com traumatismos diversos.
Com o passar dos meses, vão adquirindo melhores condições motoras e passam a realizar façanhas imprevisíveis; tornam-se arteiros, mexem em objectos cortantes, tomadas de luz, enfim, tudo aquilo que do nosso ponto vista não deveria ser do seu interesse. Nos anos seguintes, esse tipo de comportamento vai ganhando colorido variado, passam a subir em muros, árvores e mais excepcionalmente chegam ao telhado. Essa criança tem o costume de falar mais alto, choram quando alguém os contraria e não perdem a oportunidade de tocar em tudo. Por muitas ocasiões pude observar essas crianças quando entram na sala de consulta, permanece pouco tempo sentada, entram debaixo da mesa, começam a tocar e olhar em tudo que está ao seu redor.
Esse distúrbio é de origem genética e é causado pela pouca produção de Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que é uma classe de neurotransmissores responsável pelo controle de diversos sistemas neurais no cérebro, incluindo aqueles que governam a atenção, o comportamento motor e a motivação. Uma visão de base neurológica para o TDAH é que baixos níveis de catecolaminas resultam em uma hipoativação desses sistemas. Portanto, os indivíduos afectados não podem moderar sua atenção, seus níveis de actividade, seus impulsos emocionais ou suas respostas a estímulos no ambiente tão efectivamente quanto às pessoas com sistemas nervosos normais.
Respeitando a nomenclatura brasileira, que prefere utilizar o termo transtorno em vez de distúrbio, será utilizado neste livro a nomenclatura “Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperactividade” para “Distúrbio com Deficit de Atenção e Hiperactividade” segundo a conceitualização estabelecida pelo DSM-IV (APA, 1994). Esse transtorno descreve as crianças e os adultos que são incapazes de modularem a atenção, controlar a impulsividade e ausência de uma actividade motora apropriada. A formalização actual do “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – Fourth Edition” (DSM-IV, 1994), propõe a caracterização da sintomatologia em três subtipos específicos: subtipo predominantemente desatento, subtipo hiperactivo ou impulsivo e subtipo combinado. Além desta proposta, o DSM-IV inclui uma classificação não específica aos distúrbios que não satisfazem os critérios para a tríade do TDAH. Para auxílio no diagnóstico, o DSM-IV lista 18 sintomas que definem as duas principais sintomatologias do TDAH: predominantemente desatento (nove sintomas) ou hiperativo-impulsivo (com seis sintomas de hiperactividade e três sintomas relacionados à impulsividade).
A criança ou adolescente com TDAH não é um diagnóstico fácil de ser dado, a uma grande dificuldade em diagnosticar esses indivíduos no meio clínico. Além da dificuldade de classificação e critério de diagnóstico, existe uma outra que também é fundamental para a avaliação da criança com TDAH, é a inexistência de padrões ou normas que estabeleçam a variação do nível da actividade motora e nível de atenção/concentração que pode ser considerado para o diagnóstico da hiperactividade ou de um deficit de atenção.
Frequentemente, as categorias comportamentais são apresentadas sob termos clínicos, aumentando o potencial para uma interpretação subjectiva do comportamento da criança (Barkley, 2000).
Quase sempre o diagnóstico do TDAH é diferencial e pode seguir o procedimento do algoritmo abaixo, estes procedimentos são mais eficaz e por sua vez mais fidedigno.
Queixas: ocorrerá quase sempre quando o professor ou alguém do núcleo familiar da criança notar que aquele comportamento não esta “normal”.
1. Dificuldade de aprendizagem: pode vir junto com a inquietude ou a desatenção da criança em sala de aula. A impulsividade será um comportamento mais bem documentado pelos amigos e pais; “atirou alguma coisa em um coleguinha ou irmãos”.
2. Anamnese; é um procedimento clínico, onde se colhe informações e dados desde a gestação até atingir o comportamento actual da criança.
3. Exame neurológico: busca descartar qualquer outro sintoma orgânico ou problemas fisiológicos que possam estar relacionado aos comportamentos de hiperactividade e desatenção.
4. Os critérios do DSM-IV: os comportamentos disruptivos da queixa e anamnese se enquadram nos critérios de classificação para o transtorno.
5. Diagnóstico diferencial: varredura de outros sintomas comorbidos em ocorrência com o transtorno diagnosticado.
6. Avaliação neuropsicológica: aplicação de testes psicométricos e neuropsicológicos das funções cognitivas.
7. Classificação do TDA/H: quais dos três subtipos de transtorno a criança encaixa.
8. Tratamento: Psicoterapia e tratamento psicofarmácologico.
O TDAH em sua etiologia pode ocorrer como resultado de bases multifatoriais, nos factores genéticos, biológicos e neuropsicológicos. Na genética a predisposição é acima de 50% no TDAH (Barbosa, Gouveia, Barbosa, 2000). A exposição de uma variedade de substâncias químicas durante a gravidez e complicações na duração prolongada do parto poderá estar relacionada ao TDAH. A deficiência biológica recebe suporte dos estudos com imagens cerebrais que o TDAH é basicamente uma disfunção geneticamente herdada do córtex pré-frontal, devido, em parte, a uma deficiência do neurotransmissor dopamina. Através dos estudos neuropsicológicos, também sugerem que o TDHA está associado a alterações do córtex pré-frontal e de suas projecções a estruturas subcorticais, o que caracteriza esse transtorno pôr frequentes níveis de desatenção, impulsividade, hiperactividade, desorganização e inabilidade social, envolvendo um deficit do sistema inibitório ou as funções executivas da memória de trabalho do TDAH (Baddeley, Bressi, Della Salla e Spinnler, 1986 apud Gathercole e Baddeley 1993; Baddeley, 1996ab). Vários pesquisadores têm mostrado que as características principais do Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperactividade (TDAH) estão associadas a uma dificuldade para inibir ou frear impulsos. Partindo destes achados, Dr. Barkley (1998) afirmou que esta dificuldade na inibição dos impulsos não permite que alguns dos processos psicológicos, como as funções executivas, possam operar eficientemente.
As funções executivas são actividades mentais complexas necessárias para planificar, organizar, guiar, revisar e monitorar o comportamento necessário para alcançar metas. Estas funções começam a se desenvolver a partir do primeiro ano de vida e continuam desenvolvendo-se até a adolescência. Através delas, pôr exemplo, podemos focalizar a atenção em uma actividade sem a interferência dos estímulos distratores. As funções executivas permitem guiar nossas acções mais pelas instruções que damos a nós mesmos, do que pôr influências externas. Ou seja, permitem a auto-regulação do comportamento ou a inibição dos impulsos para podermos executar aquilo que nos propomos a fazer (Barkley, 1998).
Essas disfunções comportamentais e cognitivas no TDAH podem interferir directamente na vida académica dessas crianças, com consequências drásticas ao desenvolvimento global (Pennington e Ozonoff, 1996; Swanson & Posner, 1991; Posner & Cohen, 1984; Meili, 1985, Watson, Rameyl, 1978). Em muitos casos, a etiologia do TDAH permanece obscura, e há uma emergência na necessidade de mais pesquisas para auxiliar na prevenção e cura do transtorno.
Acreditamos que as expressões encontradas neste transtorno estão estreitamente relacionadas a factores multifatoriais. A natureza dos sintomas encontradas nesse transtorno nos leva a uma variedade de facetas durante o desenvolvimento infantil. A decisão para o diagnóstico não é fácil, no entanto, acreditamos que a soberania clínica prevalece. É preciso olhar com cuidado para a história individual da criança, é principalmente nessa história individual que se baseia o diagnóstico. Não existe um teste para o diagnóstico desse transtorno, não há uma linha clara de demarcação entre o TDAH e o comportamento normal; é preferível fazer um julgamento com base numa comparação entre a criança como indivíduo e seu grupo de semelhantes. Se uma criança é significativamente mais distraída, impulsiva e hiperactiva, sem que haja qualquer causa aparente para tal comportamento como dissolução familiar, uso de substâncias, depressão ou outra condição psicológica/neurológica, o diagnóstico de TDAH pode se levado em consideração. Entretanto, somente um profissional com experiência em TDAH deve fazer esse diagnóstico.
Bases Neurobiologicas do TDAH
Foi feito uma revisão na literatura entre 2002 a 2004 e foram encontrados 1.774 artigos de TDAH (fontes: Medline e PsycoInfo). Verificou-se que as pesquisas com TDAH estão assumindo grandes proporções no território brasileiro, é curioso como os factores emocionais que são de grande importância na determinação e continuidade dos quadros de TDAH, ganham poucas linhas na literatura em geral, procurando atribuir todo o quadro ao difícil do córtex pré frontal (inibitório/falta de freios) e a disfunção dos neurotransmissores (baixa/subutilização dessas substâncias).
Entretanto, como em todas as actividades funcionais do cérebro (encéfalo), também durante as manifestações emocionais e do comportamento do indivíduo, a transmissão do estímulo nervoso de um neurónio para outro é realizada com a participação de substâncias neurotransmissoras. Poder-se-ia cogitar que nos casos de TDAH o equilíbrio entre neurotransmissores inibidores e excitadores estaria modificado.
Ainda podemos cogitar que existe uma diferença entre esse equilíbrio estar ocorrendo por uma alteração primária nas concentrações das catecolaminas, ou ser uma consequência do somatório das vivências emocionais que deixa um aprendizado que corresponde ao objecto de experiência e a um tipo particular de actividade neural do cérebro da criança vinculado a essa vivência.
Isto é, no primeiro caso estaria ocorrendo uma redução na concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica, devido a algum defeito no sistema nervoso (malformação, lesão). Já na Segunda eventualidade, as alterações na concentração dos neurotransmissores seriam decorrentes das modificações neuroquímicas consequentes a dinâmica emocional de cada criança.
A atenção é um complexo domínio neuro-comportamental que se constitui como base fundamental de todas as funções cognitivas superiores.
Manifestação da Atenção no TDAH
Sabemos que a atenção possui características evolutivas sendo diferentes nas várias etapas do desenvolvimento infantil. No entanto, esta capacidade cognitiva a “atenção”, possui uma característica sinalizadora que nos alerta para várias patologias tanto no mundo infantil quanto no mundo adulto. O tempo razoável de atenção não tem medidas ou pontuação padronizadas, sendo caracterizado de forma objectiva por quem avalia a criança e, também, subjectiva por meio e aferição bastante profissional, exigindo que esse tipo de opinião seja emitido por quem realmente tem experiência em comportamento infantil, tanto normal como alterado, em suas várias faixas etárias, para que seja o mais fidedigno possível. Observamos, também, que a criança nas faixas de 1 a 2 anos tem uma fixação de atenção menor, normal, e que, aos poucos, vão adquirindo uma concentração maior nas actividades. O que deverá servir de alerta será quando esse tempo de concentração for muito curto, mesmo naquelas bem novas, não permitindo que demonstrem interesse e envolvimento com uma brincadeira ou tarefa, fazendo com que mudem de actividade a todo o momento. Associam-se a essa fragmentação da atenção uma curiosidade rápida e fugaz por outras situações ou objectos, com trocas sucessivas de interesses, fazendo com que a criança se mobilize para chegar até elas, expressando-se essa movimentação por um comportamento hiperactivo (Smith, & Jonides, 1998).
A Manifestação da Hiperactividade e Impulsividade no TDAH
A hiperactividade corresponde ao exagero ou excesso de actividade motora na criança. Já a impulsividade expressa-se por reacções bruscas e emotivas da criança, reflectindo uma reacção impensada e repentina.
A hiperactividade é reconhecida pela observação do comportamento da criança. É possível traçar nesses casos uma linha do tempo, podendo já ser identificada precocemente em bebés que se mostram bastante inquietos, choram muito e só se aquietam no colo, mas não por muito tempo. Desde logo, pode observa-se dificuldade no sono, pois acorda com frequência. Depois, acalma-se se colocado no colo; adormece e, ao ser colocado no berço, curiosamente e de imediato recomeça a chorar. O trabalho e os cuidados com essas crianças são permanentes, exaustivos, dia e noite.
As mães relatam também que há uma grande voracidade quando são levadas ao peito para a mamar. Atacam o seio com muita gana; depois querem permanecer por longo tempo na mamada, mesmo já satisfeitos.
Como consequência dessa dinâmica, é comum perceber os pais que se mostram extenuados, desorientados, sofridos e infelizes com tamanha confusão.
A história prossegue à medida que essas crianças vão se desenvolvendo e passam a movimentar-se no berço, engatinhar e depois andar, embora algumas mães comentam que muitas dessas crianças pulam um determinada fase ou outra. É tamanha a inquietude que se criam facilmente momentos de risco, pondo-se em perigo constante. Possuem extrema agilidade e em uma fracção de segundo são capazes de passar da intenção a acção, sem pensar, como subir em móvel do qual podem ocorrer quedas com traumatismos diversos.
Com o passar dos meses, vão adquirindo melhores condições motoras e passam a realizar façanhas imprevisíveis; tornam-se arteiros, mexem em objectos cortantes, tomadas de luz, enfim, tudo aquilo que do nosso ponto vista não deveria ser do seu interesse. Nos anos seguintes, esse tipo de comportamento vai ganhando colorido variado, passam a subir em muros, árvores e mais excepcionalmente chegam ao telhado. Essa criança tem o costume de falar mais alto, choram quando alguém os contraria e não perdem a oportunidade de tocar em tudo. Por muitas ocasiões pude observar essas crianças quando entram na sala de consulta, permanece pouco tempo sentada, entram debaixo da mesa, começam a tocar e olhar em tudo que está ao seu redor.
Esse distúrbio é de origem genética e é causado pela pouca produção de Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que é uma classe de neurotransmissores responsável pelo controle de diversos sistemas neurais no cérebro, incluindo aqueles que governam a atenção, o comportamento motor e a motivação. Uma visão de base neurológica para o TDAH é que baixos níveis de catecolaminas resultam em uma hipoativação desses sistemas. Portanto, os indivíduos afectados não podem moderar sua atenção, seus níveis de actividade, seus impulsos emocionais ou suas respostas a estímulos no ambiente tão efectivamente quanto às pessoas com sistemas nervosos normais.
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